O mais importante é o amor

 "Destruindo os conselhos, e toda a pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o pensamento, para torná-lo obedinte a Cristo"
2 Coríntios 10.5 

"Eu prefiro ter a velha opinião bíblica, do que ser uma metamorfose ambulante".

Irmãos, estamos vivendo dias dificéis como diz a própria escritura, onde as opiniões sobrepõe, todo e qualquer conhecimento bíblico. Temos que retornar as escrituras, ou melhor, que nossa estrutura de pensamento venha ser totalmente emergida na escritura. Paulo alertando Timóteo nos dá um grande exemplo: "Lembre-se disto: que nos últimos dias haverá tempos dificéis..."

Já na primeira carta (1Co 4.18-21) ele previra dificuldades em relação à visita em Corinto. Naquela ocasião eram dificuldades com toda a igreja, à qual talvez precisasse enfrentar “com a vara”, como um pai irado. Agora não se fala mais disso. Aconteceu uma meia-volta na igreja. Porém “certas pessoas”, que tentam desencaminhar a igreja, ainda estão lá. É contra elas que se dirige a luta. Por isso agora o apóstolo não aparece em Corinto como pai com uma vara, mas como “soldado”. Utiliza as expressões costumeiras para o serviço militar. Na realidade chega como atacante. Sua visita em Corinto será comparável ao ataque a uma fortaleza. Destroem-se muralhas, conquistam-se posições elevadas, fazem-se prisioneiros, e promove-se um julgamento contra os inimigos. “Aniquilamos idéias (ou: atentados) e toda altura que se levante contra o conhecimento de Deus, e levamos cativo todo pensamento para obedecer ao Cristo.” Não se trata de uma luta “carnal”, exterior, contra pessoas. As “muralhas” que precisam ser arrasadas são logismoi, ou seja, “idéias, opiniões, atentados”. 

Os referidos homens em Corinto haviam defendido “opiniões” com que supostamente levariam a igreja à “altura” do cristianismo perfeito. De acordo com o veredicto de Paulo, porém, essas “alturas” se elevam “contra o conhecimento de Deus”. Não se trata de enunciados teológicos acadêmicos. Trata-se de “reconhecer a Deus”, determinando assim toda a vida real. O Deus verdadeiro e vivo, o Santo, que de fato reconciliou consigo o mundo,é completamente incompreendido quando vivemos em tais “alturas”. Temos de trazer mais uma vez à lembrança aquilo que acontecia na vida eclesial em Corinto que Paulo já combatia na primeira carta com dor e ira: os partidos, a ciumeira, os processos entre membros da igreja perante juízes gentios, a visita à prostituta do templo, a participação em refeições nos templos gentios, a emancipação da mulher, a decadência na celebração da ceia do Senhor, a supervalorização da “língua”, a negação da ressurreição, a irritação com os sofrimentos do apóstolo. A santidade e o amor de Deus são ofendidos quando tais “opiniões” assumem o comando prático na igreja. 

Conseqüentemente, Paulo já havia criticado o “desconhecimento de Deus” em 1Co 15.34, pois o havia constatado em membros da igreja em Corinto. Não era contra a pessoa e a reputação de Paulo, como pensavam, que os adversários se posicionavam, mas contra o “conhecimento de Deus”. Por essa razão as “muralhas” não podem ser toleradas. Devem ser arrasadas, “aniquiladas”. Obviamente isso não acontece por meio de força física. Não há como utilizar “armas carnais” nesse caso. Paulo, no entanto, já declarara em 2Co 6.7 que sabia conduzir armas de ataque e de defesa. Suas armas são “poderosas para Deus”. Assim como seus adversários se rebelam “contra Deus”, assim Paulo há de lutar com armas poderosas “para Deus”. Conquistará as “alturas” e arrasará as “fortalezas” de “opiniões” sedutoras. Que a igreja se prepare para isso. 

Paulo continua ampliando a metáfora militar. Quando se conquista uma fortaleza também se fazem prisioneiros. É assim que também acontecerá com o apóstolo em Corinto. Também Paulo há de fazer prisioneiros. Novamente, porém, não são pessoas que ele pretende levar cativas ou subjugar. Todo noema, toda “configuração de idéias”, toda doutrina, todo raciocínio, ele o “levará cativo à obediência do Cristo”. Tanto a pessoa que via a salvação no serviço de Moisés e não reconhecia o serviço da nova aliança quanto a que conduzia para a liberdade falsa, colocava-se contra Jesus e lhe havia negado a obediência de fé. Paulo conta com o fato de que, com autoridade espiritual, conseguirá explicitar isso limpidamente e desse modo reconquistar muitos pensamentos em Corinto para a “obediência do Cristo”. Paulo não é um inimigo do pensamento e da razão. Constantemente ele se esforça nas cartas para levar as igrejas a pensar, compreender, formar juízo próprio. “Não desejo que ignoreis…” é uma fórmula freqüente em seus escritos. Porém Paulo sabia que nosso “pensar” de forma alguma é a função autônoma e livre que a crença na razão imagina ser. 

Nosso pensar, pelo contrário, é dirigido por profundezas ocultas de nosso eu. Em última análise está por trás dele o deus da presente era (2Co 4.4), que escraviza nosso pensar, ou então Deus em Cristo, que o liberta para o raciocínio verdadeiro. Por essa razão Paulo pretende “levar cativo todo pensamento para obedecer ao Cristo”, a fim de ajudá-lo a alcançar justamente assim a autêntica liberdade. Quando Paulo fala de “todo” pensamento, essa palavra não possui sentido estatístico. Paulo não pode contar com a possibilidade de derrotar intimamente todos os seus adversários em Corinto. Porém de forma alguma existe em Corinto algum pensamento, independentemente de que tipo seja, de cunho “judaísta” ou “gnóstico”, que não devesse nem pudesse ser subordinado a Jesus. 

No caso de Paulo não se pode falar de sujeição cega e aprisionamento violento da razão humana (como dizia a antiga tradução alemã de Lutero). A metáfora bélica somente é usada em contraste com o menosprezo que Paulo recebia entre os coríntios, que o vêem como pessoa impotente: “na presença, insignificante”. Paulo não era um homem de autoridade formal, era um homem da liberdade. A “obediência”, cujo paradigma era para ele a obediência do próprio Jesus (Fp 2.5-11), significava a obediência espontânea que brota do amor. Para Paulo, a falta de amor entre as novas pessoas em Corinto anulava o valor de todas suas outras posses espirituais (1Co 13.1-3). Quando se tornassem obedientes ao Cristo, então tornar-se-iam pessoas capazes de afirmar com Paulo: “O que nos determina é o amor do Cristo” (2Co 5.14).

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