O teólogo do Espírito Santo: um estudo sobre o ensino de Calvino sobra a palavra e Espírito Santo

Os estudiosos modernos reconhecem Calvino como teólogo do Espírito Santo, embora no tempo em que seus escritos foram confeccionados sua principal obra: “As institutas”, ele não dedicou um capítulo específico sobre o assunto, mais existem razões para tal processo.
Primeiramente, sua preocupação não fora escrever sobre o ES, porque o foco do debate com igreja católica não era esse, mas nas doutrinas da salvação, da santificação, das escrituras e dos sacramentos, ele tratou do ES, pois o assunto de relacionava com pontos críticos das mesmas.
Em segunda lugar e não menos importante, Calvino trazia consigo um visão clara do Espírito Santo em todo NT e em seus escritos, quando coloca a pessoa do ES como agente da trindade, mas quem recebe proeminência é o Pai e o filho.
Por que então teólogo do ES? Em primeiro lugar, foi Calvino que consegue de forma clara e ensino bíblico sobre o ES. Segundo lugar, Calvino integra a doutrina do ES aos demais temas da teologia. E em terceiro lugar, Calvino resgata alguns aspectos no que tange a relação do ES e a palavra. Podemos dizer, que ensino de Calvino influenciou teólogos como John Owen e Richard Sibbes que nos deram ensinos riquíssimos e profundos acerca do ministério do ES.
Temos que ter em mente que a teologia de Calvino se desenvolve em um ambiente marcado por duas frentes: Uma eram o cativeiro das escrituras pela igreja católica (do ensino papista de que a autoridade da escritura dependia do testemunho da Igreja) e outra o abandono das escrituras pelos da reforma radical (ala esquerda da reforma – a polêmica concentrou-se em questões como: batismo infantil, predestinação, governa da igreja relação entre igreja e estado e interpretação das escrituras).
Para refutação desses exageros que aconteciam na época, Calvino escreve no capítulo 9, no livro 1 das suas institutas. Nesse capítulo o reformador aponta que é inseparável a relação entre o ES e a Palavra. O ponto central era que o ES fala pelas escrituras; O Espírito é reconhecido pela sua harmonia com as Escrituras; A soberania do Espírito Santo nesta relação íntima com a Palavra de Deus. Para ele, a Palavra é o instrumento pelo qual Deus dispensa a iluminação do Espírito aos crentes. Assim, Cristo fala hoje através do ministro do Evangelho, quando o mesmo expõe fielmente a Palavra. O ES torna a palavra eficaz.
Hoje vivemos em uma época marcada por movimentos neopentecostal influenciados pelo década de 60. Infelizmente todo hora aparece uma novas revelação todas atribuídas a ES, em alguns casos praticas estranhas ao cristianismo de raiz.
Em primeiro lugar, o ensino de Calvino sobre o testemunho interno do Espírito vem lembrar à Igreja que, nestes tempos difíceis, ela deve buscar de Deus a íntima iluminação do Espírito para compreender e aplicar as Escrituras à sua vida e missão.
Em segundo lugar, Calvino nos desafia a examinar todas as manifestações espirituais pelo crivo da Palavra de Deus, quanto à natureza, ao propósito, e ao modo destas manifestações.
Em terceiro lugar, o ensino de Calvino nos alerta contra os que pretendem ter total controle sobre o Espírito, que pretendem dispensar o batismo do Espírito pela imposição de mãos, que "ensinam" aos crentes imaturos e incautos a falar em línguas. Alerta-nos a rejeitar todo ensino, movimento, culto, liturgia, onde a Palavra de Deus não receba a devida proeminência. Se o Espírito fala pela Palavra, a Palavra deve ser o centro.
Entretanto, as Escrituras nos ensinam que a Igreja já está vivendo os últimos dias, a dispensação do Espírito, desde o período apostólico. Calvino viveu e ensinou em plena época do Espírito, tanto quanto nós hoje vivemos e labutamos. O ensino de Calvino, por ser bíblico, pode nos servir de balizamento, indicando-nos o estreito caminho do equilíbrio, entre uma vida de piedade e uma mente firmada nas antigas doutrinas da graça.


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