UM REBANHO SEM PASTOR

É cada vez mais freqüente o investimento e as estratégias no preparo e desenvolvimento de lideranças nas Igrejas evangélicas hoje. Tanto pastores e missionários quanto líderes leigos são desafiados a buscarem capacitação, aprimoramento e treinamento em diversas áreas. São inúmeros os seminários e literaturas que oferecem orientação e técnicas de liderança que ensinam como produzir crescimento e resultados de "comprovado sucesso". Em meio a esta busca desenfreada por movimentos e programas inovadores que arrastem as massas aos templos, muitos líderes começam a dar sinal de uma conduta pautada pelo profissionalismo religioso da oratória que aos poucos mata e apaga o zelo da própria vocação. O resultado é visível na superficialidade das mensagens pregadas nos púlpitos e seu reflexo inevitável na falta de compromisso do povo com o evangelho e o discipulado.

Há alguns anos, revivi um momento importante no ministério pastoral. Tive a rica oportunidade de reintegrar-me a um grupo de pastoreio de pastores onde recebia um discipulado sério e com um excelente nível de compromisso. Ouvir uma afirmação de um antigo pastor que nos dizia que a principal pergunta das ovelhas não deveria ser: Como vai a Igreja pastor? E sim; como o pastor está com Deus? Esta segunda pergunta se reflete sempre em todas as áreas da vida da Igreja. Infelizmente muitos líderes estão buscando soluções mágicas para o crescimento da Igreja, como se a mídia e a neuro-lingüística conseguissem alimentar o rebanho por muitos anos. O mais conflitante é constatar que além dos resultados desastrosos na vida espiritual do povo, com o passar do tempo estes pastores e líderes são machucados e feridos pelas pressões e turbulências vividas durante o exercício do ministério, sem que tenham a oportunidade de serem cuidados e restaurados por meio de um pastoreio.


Pastores fazem parte de um grande rebanho sem pastor. São homens solitários que vivem muitos conflitos e na maioria das vezes não desenvolvem amizades profundas por temerem tirar as máscaras e se mostrarem humanos, falhos e pecadores. Quase sempre isto reflete em sua família, no casamento e na criação dos filhos. Como seria tão importante as Igrejas despertarem para o cuidado espiritual de seus pastores? Certamente isto evitaria tantos erros e problemas que eles enfrentam. Certa vez Jesus olhando para a multidão sentiu-se movido de íntima compaixão chegando a compará-las com ovelhas que não tem pastor. Pobres pastores que como a multidão, tentam pastorear sem serem pastoreados. São todos igualmente ovelhas do grande e sumo Pastor e precisam prestar contas de seus atos e palavras. Precisam de conselho e exortação, consolo e apoio em momentos de crises. Mas em quem encontrar isto? Com quem se abrir?

Graças a Deus há alguns ministérios sérios que oferecem este suporte aos pastores. Você pastor já possui um pastor? Então reflita nesta necessidade e além de orar por isto, incentive outros colegas a serem pastoreados por um outro pastor que seja um homem piedoso e de oração e que tenha um chamado para cuidar de pastores. Só o discipulado desenvolverá características no nosso caráter cristão, possibilitando-nos sobreviver em tempos de aridez e crises espirituais. Pensemos nisto e passemos a olhar uns aos outros como ovelhas.

Elvis Kleiber F. de Carvalho
É pastor da Igreja Congregacional da Federação (Salvador/Ba)
E-mail:elviskleiber@hotmail.com
Retirado: DAM - Departamento de Atividades Ministeriais

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