CILADAS DA VIDA INTELECTUAL



Pastor Antonio Carlos, nesses dias tenho estado triste por ver amigos cristãos que tanto considero terem crises profundas em relação a Deus e procurado outras doutrinas que façam mais sentido a eles. Um desses amigos era um exemplo para mim...


A Bíblia é muito franca e dura ao tratar do tema, deserção da fé: "a porca lavada voltou ao lamaçal e o cão ao seu próprio vômito". Isso significa voltar a se sujar naquilo de que foi limpo e ingerir novamente o mal que foi expelido. Ficar sujo de novo e se alimentar do que causou enjoo. Ambas as experiências não são tão absurdas quanto largar quem nos mantém espiritualmente limpos e não permite que a vida nos cause náusea.

O problema do desvio doutrinário não é novo na história do cristianismo. Vários textos do NT tratam desse problema. A razão da experiência da deserção da verdade, reside no fato de que nem sempre nos damos conta de que a aproximação da verdade é sempre antecedida de interesses pessoais que estão em jogo. A psicanálise, a hermenêutica pós-moderna e o Novo Testamento têm muito a dizer sobre isso.

Pessoas se aproximam da verdade na perspectiva de não se depararem com aquilo que as condena. Isso é fato. Crise no casamento, decepção com igreja e sexo, podem alterar sistemas teológicos inteiros. É necessária grande quantidade de energia moral para um ser humano fechar incondicionalmente com um sistema teológico que é o favorito do seu desafeto, que o impede de praticar o que gosta e aparenta não oferecer resposta para um drama qualquer de sua vida.

Não há incompatibilidade entre o muito estudar e um profundo amor por Deus e pela sua verdade. A dedicação à vida intelectual só nos é prejudicial ao não atentarmos para certas ciladas. Quais?

- Estudar pouco. Julgarmos que nos tornamos especialistas em algum assunto, apesar de, na verdade, não sabermos nem sobre o que falamos. Podemos estar assumindo pontos de vista teológicos, filosóficos, históricos etc., que já foram refutados há anos por bons pensadores.

-Deixar de experimentar uma característica da verdadeira aquisição de conhecimento: a certeza de que a parte que conhecemos é infinitamente inferior a que desconhecemos. Muito há que ignoramos.

-Estudar por esnobismo intelectual e não por paixão pela verdade e desejo de encontrar a Deus.

-Mergulhar nos livros sem mergulhar na oração. Ler sem orar. Divorciar reflexão de piedade. Morrer de tanto estudar e não orar para viver.

-Andar com as mesmas pessoas, ler as mesmas obras, manter-se no mesmo círculo intelectual, não ouvir os diferentes; achar que pelo fato de seus amigos crerem nas mesmas coisas e experimentarem os mesmos sentimentos negativos com relação à doutrina verdadeira, que eles estão certos. Todos podem estar alimentando a doença de todos simultaneamente.


-A falta da aplicação de certos testes ao sistema teológico adotado. Se essa teologia não exalta a Deus, não rebaixa o homem e não produz fruto de transformação de vida, pode saber que sua procedência é maligna.

O problema não está num cristianismo onde haja muita mente, o problema está num cristianismo onde há pouca mente. O problema não está na investigação teológica, o problema está na procura de conhecimento em detrimento da busca pela face de Deus.

A.C. Costa

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